Angelologia
A Doutrina dos Anjos
Atenção, eis aí um assunto também muito delicado. A falta de conhecimento faz muitas pessoas boas cometerem erros incríveis. Lembrem-se, os anjos são nossos ajudadores, porém não aceitam adoração. (Pr Pedro)
1. Introdução
Diante do estudo sobre os anjos, convém lembrar que a Bíblia é a fonte que nos dá conhecimento sobre essa importante doutrina. O Antigo Testamento menciona os anjos por 108 vezes, enquanto o Novo Testamento fala 165 vezes sobre eles. A doutrina da Bíblia sobre esse assunto e bem clara. Deus, o grande Criador que a todos dá a vida e a respiração (At 17.25), criou na terra três formas distintas de vida, isto é, a vida vegetal, a vida animal e a vida humana, e criou também os anjos, com vida eterna, para habitarem nos céus.
2. Diferentes categorias de anjos
A Bíblia revela que existe entre os anjos celeste uma ordem hierárquica, uma relação de subordinação entre as diferentes categorias. Em Colossensses 1.16, menciona-se essa graduação em ordem decrescente: tronos, dominações, principados e potestades, enquanto em Efésios 1.21, a mesma graduação é mencionada em ordem crescente: principados, poderes, potestades e domínios.
A graduação de autoridade entre os anjos corresponde às suas diferentes funções no céu. Alguns anjos desempenham funções de grande responsabilidade junto ao trono de Deus, cooperando na administração divina. Outros são encarregados de serviços na administração de Deus quanto ao atendimento aos homens no mundo inteiro, servindo a “favor daqueles que herdarão a salvação” (Hb 1.14). Vejamos, pois, alguns graus diferentes entre os anjos.
2.1. Os 24 anciãos
Junto ao trono de Deus encontramos um grupo de seres angelicais da mais elevada função celestial (Ap 4.4-10; 6.5-14; 7.11-13; 11.6; 14.3; 19.4), chamado de “os vinte e quatro anciãos”. Deus os encarregou de representarem a igreja de Deus de todos os tempos. Dessa maneira, 12 anciãos representam a igreja do Antigo Testamento (as 12 tribos de Israel), enquanto outros 12 representam a igreja do Novo Testamento (os 12 apóstolos do Cordeiro).
2.2. Os querubins
São também anjos de elevada graduação e chamados “querubins da glória” (Hb 9.5).
2.2.1. A importância dos querubins
A grande importância dos querubins no conceito divino pode ser observada no fato de que Deus ordenou que fossem fabricados dois querubins de ouro para fazerem parte do propiciatório, acima da arca(Êx 25.19), o lugar mais sagrado do culto divino no Antigo Testamento. Deus também mandou que fossem bordados querubins, em obra prima, sobre o véu (Êx 26.31), bem como nas cortinas do tabernáculo (Êx 26.1).
2.2.2. Querubins de alta categoria
Os querubins ocupam um posto de grande responsabilidade na administração divina, junto ao trono de Deus. A Bíblia diz que Deus está entronizado entre os querubins (Sl 99.1; Is 37.16; II Rs 19.15; II Sm 6.2). Quando a Bíblia fala de “tronos” em Colossensses 1.16, refere-se certamente aos querubins. Quando Deus se movimenta, Ele o faz figurativamente por meio dos querubins (Sl 18.10).
2.3. Os serafins
Os serafins são também anjos de alta graduação. A Bíblia faz menção deles uma só vez (Is 6.1-6). O seu nome indica a sua alta patente. Os serafins tem três pares de asas. Com duas cobrem o rosto em reverência diante de Deus, e com duas cobrem os pés, para que as suas próprias obras não apareçam, e com duas voam. Eles sempre clamam uns aos outros: “Santo, Santo, Santo é o Senhor”!
2.4. Os arcanjos
Os arcanjos são anjos chefes, revestidos por Deus de autoridade sobre outros anos. A Bíblia, que chama os anjos de “o exército de Deus” (Sl 148.2), fala também do “príncipe do exército do Senhor” (Js 5.14; Is 55.4). Existem diferentes escalões de anjos, conforme as suas funções. Quando a Bíblia fala dos “principados” (Cl 1.16), refere-se, certamente, aos arcanjos. Alguns deles se destacam, de maneira que têm o seu nome revelado na Bíblia.
2.4.1. O arcanjo Miguel (Jd 9)
2.4.2. O arcanjo Gabriel
2.4.3. Outros arcanjos
Existem outros arcanjos mencionados com destaque, como o anjo a quem foi dada a chave do abismo (Ap 9.1), o anjo das águas (Ap 16.5), o anjo que tem poder sobre o fogo (Ap 14.18) e aquele anjo que João presenciou na sua visão e que tinha grande poder, pois a terra foi iluminada com a sua glória (Ap 18.1).
2.5. Os anjos comuns - os exércitos de Deus
O número dos anjos graduados é muito inferior ao dos anjos comuns, que são incontáveis. São eles o exército celestial que sempre está de pé diante do trono do Senhor, à sua direita e à sua esquerda (II Cr 18.18). A Bíblia diz: “Porventura tem número os seus exércitos?” (Jó 25.3).
3. A origem, a natureza e o caráter dos anjos
3.1. A origem dos anjos
Os anjos são seres celestiais que Deus criou no princípio, antes da catástrofe que tornou a terra sem forma e vazia (Gn 1.2; Jó 38.7). A Bíblia diz: “Nele [Jesus] foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades; tudo foi criado por ele e para ele” (Cl 1.16).
3.2. A natureza dos anjos
3.2.1. Os anjos são seres espirituais
3.2.2. Os anjos são imortais
3.2.3. Os anjos são invisíveis
3.2.4. Os anjos não têm sexo (Mc 12.25)
3.3. O caráter dos anjos
4. O Anjo da Face do Senhor
Entre os anjos de diferentes graus de grandeza de que o Antigo Testamento nos fala, havia um que se destacava de todos os outros. Ele tinha também um nome diferente, porque era chamado “O anjo [não um anjo qualquer] da sua presença” (Is 63.9). Esse “Anjo” se chamava a si mesmo “Deus”. Convém observar que o anjo que bradou a Abraão, depois de ele ter-se mostrado disposto a sacrificar Isaque (Gn 22.1-18), disse de si mesmo: “Por mim mesmo, jurei, diz o Senhor” (Gn 22.16). Também o anjo que falava com Jacó, dando-lhe ordem de tornar à terra da sua parentela (Gn 31.11), disse: “Eu sou o Deus de Betel” (Gn 31.13; 28.13; 48.16). Observe-se também que o anjo de Oséias 12.4, o mesmo varão com quem Jacó lutou (Gn 32.24), e quem lhe disse: “Lutaste com Deus” (Gn 32.28), e Jacó respondeu: “Tenho visto a Deus face a face” (Gn 32.30) - era um ser com características divinas. Note-se também o anjo que apareceu a Moisés na sarça que ardia no deserto (Êx 3.2), o qual disse: “Eu sou o Deus de teu pai” (Êx 3.6). Todos esses não eram senão o Anjo do Senhor. O mesmo vemos com o anjo que apareceu a Gideão (Jz 6.12), a respeito do qual se diz: “Então, o Senhor olhou para ele” (Jz 6.14), e: “O Senhor lhe disse” (Jz 6.16).
Convém ainda observar que enquanto os anjos não aceitam nenhuma forma de adoração dirigida a eles, só Deus deve ser adorado (Ap 22.8,9). O anjo que apareceu a Manoá (Jz 13.3),cujo nome era maravilhoso (Jz 13.18; Is 9.6), aceitou adoração e subiu na chama do sacrifício, motivo por que Manoá disse: “Temos visto a Deus” (Jz 13.22).
5. A grande missão dos anjos
Cada anjo da grande multidão de seres celestiais que está nos céus tem uma função dada por Deus. Como já observamos, estão alguns integrados na administração divina junto ao trono de Deus, enquanto outros ficam à disposição do Senhor para executarem as suas ordens no atendimento aos que hão de herdar a salvação (Hb 1.14; Sl 103.20).
5.1. O que os anjos não fazem
É uma coisa muito importante conhecer a doutrina bíblica sobre os anjos, pois nos dá condições de evitar ensinamentos errados, que se baseiam em supostas visões de anjos (Cl 2.18,23). Vamos, portanto, ver algumas coisas que os anjos não fazem.
5.1.1. Os anjos não são independentes
5.1.2. Os anjos reverenciam a Palavra de Deus
Os anjos não desrespeitam a Palavra do Senhor (Sl 103.20).
5.1.3. Os anjos não são doutrinadores
5.1.4. Os anjos não são mediadores
5.2. O serviço dos anjos no tempo do Antigo Testamento
A primeira vez que Deus usou um anjo para executar um serviço na terra foi quando enviou dois querubins, a fim de guardar o caminho para a árvore da vida (Gn 3.24). Desde então, temos muitos exemplos de que Deus usou anjos. Vejamos alguns deles, no tempo do Antigo Testamento.
5.2.1. Os anjos eram portadores de mensagens divinas (Gn 24.40)
5.2.2. Os anjos ofereciam ajuda em horas de angústias e de dificuldades (Gn 48.16)
5.2.3. Os anjos ajudaram o povo de Deus nos perigos de guerra (II Rs 19.35)
5.2.4. Os anjos executavam os castigos de Deus (II Sm 24.16)
5.3. O serviço dos anjos na vida de Jesus
Para Jesus vir a este mundo e tomar a forma de servo (Fp 2.7), teve de deixar os céus, a habitação dos anjos, e fazer-se, por um pouco de tempo, menor do que os anjos (Hb 2.7). Os anjos, porém, acompanharam-no e o serviram durante todo o tempo em que Ele esteve aqui na terra. Vejamos o que a Bíblia nos ensina sobre isso.
5.4. O serviço dos anjos no tempo dos apóstolos
Os anjos de Deus também estão presentes na Igreja Primitiva. Os crentes cheios do Espírito Santo oravam, e os anjos apareciam, salvando os santos dos perigos em que se achavam. (At 5.20, 12.2-11).
5.5. Os anjos cooperam na obra evangelizadora (At 8.26)
Os anjos não são encarregados de pregar o Evangelho, mas cooperam de muitas maneiras. Disso temos vários exemplos no livro dos Atos dos Apóstolos.
5.6. Anjos - espíritos ministradores
Os anjos são espíritos ministradores, enviados para servir os que hão de herdar a salvação (Hb 1.14).
6. A queda de Lúcifer no céu
Prosseguindo o estudo a respeito dos anjos, passaremos a meditar sobre os maus anjos, e o seu príncipe, Satanás, o qual era um poderoso querubim, com o nome de Lúcifer, que se rebelou contra Deus e foi precipitado do céu.
6.1. Lúcifer era um querubim de grande responsabilidade
Lúcifer era, como todos ao anjos, um ser criado (Ez 28.13,15). Ele era um querubim. O seu nome traduzido significa “estrela da manhã” (Is 14.12). A Bíblia diz que era um querubim da guarda (Ez 28.14, Almeida Revista e Atualizada), colocado sobre o mundo em sua criação original, pois está escrito: “Estavas no Éden” (Ez 28.13).
Embora rodeado de toda a glória e de pedras preciosas, de ouro e de ornamentos, e sendo perfeito em seus caminhos (Ez 28.15), nasceu em seu coração um sentimento de insatisfação. Pensamentos estranhos formaram-se no seu íntimo e transformara-se em ambição crescente: “Eu subirei ao céu, e, acima das estrelas de Deus, exaltarei o meu trono, e, no monte da congregação, me assentarei, da banda dos lados no Norte. Subirei acima das mias altas nuvens e serei semelhante ao Altíssimo” (Is 14.13,14). Esse plano se ia formando, ajudado pelo livre arbítrio de Lúcifer e, pouco a pouco, o seu pensamento transformou-se em vontade, e a vontade em ação. Então, a maior catástrofe de todos os tempos aconteceu: Lúcifer se rebelou contra o próprio Deus!
6.2. Deus manteve a sua posição de santidade e de soberania
Lúcifer foi lançado fora do monte santo (Ez 28.16) é precipitado para o mais profundo dos abismos (Is 14.15). Jesus disse: “Eu via Satanás, como raio, cair do céu” (Lc 10.18). Sendo lançado fora do céu, Satanás ficou nos lugares celestiais (Ef 6.12), isto é, abaixo da morado de Deus e acima da região que chamamos firmamento ou atmosfera terrestre, onde se estabeleceu.
6.3. Lúcifer - transformado em Satanás
6.3.1. O adversário
A inimizade de Satanás contra Deus é evidenciada pelo seu nome. Satanás tem o nome de “o inimigo” (Lc 10.19). Seu nome mostra que a sua inimizade é total. Também o nome Satanás (Hebr. Satã) significa “adversário”. E o nome diabo (grego: diábolos) significa “acusador”.
6.4. Na revolta de Satanás, muitos anjos o acompanharam
De acordo com Apocalipse 12.4, foi uma terça parte dos anjos que se deixaram enganar por Lúcifer. Eles não guardaram o seu principado e deixaram a sua habitação (Jd 6; II Pe 2.4), foram contaminados pelo exemplo e pelas mentiras de Satanás, que é o pai de toda a mentira (Jo 8.44) e, conseqüentemente, foram expulsos do céu. Deus não os perdoou, mas os reservou na escuridão e em prisões eternas até o juízo daquele Dia (Jd 6; II Pe 2.4).
7. A vitória de Jesus sobre Satanás
Deus prometeu isso no dia da queda no Éden (Gn 3.15), e a promessa se cumpriu “na plenitude dos tempos, [quando] Deus enviou seu Filho, nascido de mulher” (Gl 4.4) para “desfazer as obras do diabo” (I Jo 3.8). Jesus venceu definitivamente o diabo quando na cruz exclamou: “Está consumado” (Jo 19.30). Nesse momento, Jesus “despojando os principados e potestades, os expôs publicamente e deles triunfou em si mesmo” (Cl 2.15), e vencendo-o, tirou-lhe toda a armadura (Lc 11.21,22). Com a autoridade da cruz, Jesus proclamou liberdade para todos os cativos (Lc 4.18-20), pois pela sua morte “repartirá ele o despojo” (Is 53.12). todo aquele que crê em Jesus e no poder do seu sangue é justificado (Rm 3.24,25) e libertado do poder de Satanás (Hb 2.14,15; At 26.18; II Tm 2.26; Cl 1.13) e do mundo (Jo 15.19). Satanás foi vencido por Jesus e dominado debaixo dos pés de Cristo (I Co 15.25), e a vitória do Filho de Deus é a nossa própria vitória (I Co 15.57).